É motivo de assunto entre os contadores: o Brasil é um país de muita burocracia e grande complexidade de processos administrativos.
Essa realidade muitas vezes leva empresas e indivíduos a adiarem ou desistirem de resolver questões importantes devido à dificuldade e ao tempo investido em compreendê-las.
No entanto, há avanços sendo feitos, ainda que de forma gradual, para transformar esse cenário. Um exemplo significativo é o SPED Fiscal – o Sistema Público de Escrituração Digital.
Para saber mais sobre o SPED Fiscal e como ele funciona, continue a leitura!
O SPED Fiscal integra o programa de aceleração do crescimento (PAC) do Governo Federal, iniciado entre 2007 e 2010, e faz parte de uma iniciativa mais ampla chamada Projeto SPED.
Seu objetivo é informatizar a relação entre o Fisco e os contribuintes, trazendo mais agilidade, redução de custos, melhoria na fiscalização e maior transparência na troca de informações.
Na prática, o SPED Fiscal é uma obrigação acessória que requer o envio mensal de um arquivo digital contendo todos os registros de operações e cadastros que impactam a apuração do ICMS e do IPI.
Logo, esse arquivo deve ser gerado pelas empresas contribuintes, validado através do Programa Validador e Assinador (PVA) e transmitido à Receita Federal com uma assinatura digital (e-CNPJ).
A responsabilidade pela elaboração do arquivo é da empresa contribuinte, que deve:
A estrutura que compõe o SPED Fiscal permite que as empresas e o Fisco tenham uma relação mais eficiente, mas também exige cuidado e atenção aos detalhes para evitar inconsistências que possam gerar multas e penalidades.
Embora envolva o uso de tecnologia, o processo que envolve o SPED Fiscal não é complicado: para realizá-lo, o primeiro passo é organizar todos os documentos necessários, como notas fiscais, cadastros de produtos e serviços, informações de estoque e apurações fiscais.
Depois, é essencial utilizar um software de gestão que gere o arquivo no formato exigido (.txt), preenchendo todas as informações fiscais corretamente.
Após gerar o arquivo, ele deve ser validado no PVA, que verifica possíveis erros ou inconsistências.
Resolvidos os problemas, o arquivo precisa ser assinado digitalmente com um certificado digital válido (e-CNPJ ou e-CPF) antes de ser enviado ao sistema da Receita ou ao sistema estadual correspondente.
É importante armazenar tanto os arquivos quanto os recibos de envio por pelo menos cinco anos, como determina a legislação.
Por fim, atenção aos prazos de envio é fundamental para evitar multas e penalidades. O cumprimento correto e pontual do SPED Fiscal garante a conformidade tributária da empresa.
Embora o SPED Fiscal traga benefícios, como a digitalização e organização das obrigações fiscais, ele também apresenta desafios para contadores. Veja abaixo os problemas mais comuns e como evitá-los:
Como resolver? Garanta que as notas emitidas pelos fornecedores sejam recebidas no prazo certo e em formato digital (.xml). Além disso, utilize sistemas para armazenar esses arquivos de forma segura, respeitando o prazo legal de guarda de cinco anos fiscais.
Como resolver? Implemente sistemas de pré-auditoria que identifiquem e corrijam inconsistências nas notas fiscais antes do envio e oriente os clientes sobre as boas práticas na emissão de notas fiscais. Assim, garantindo que os responsáveis pela tarefa estejam capacitados.
Como resolver? Utilize sistemas que automatizem a verificação constante dos cadastros de terceiros, garantindo que informações como endereços e status no CNPJ estejam sempre atualizadas. Verifique, também, a situação fiscal das empresas com as quais seus clientes negociam.
Para os contadores que desejam estar alinhados às demandas do mercado e à legislação vigente, o SPED Fiscal é um tema imprescindível.
Sua implementação exige um bom planejamento e o uso de tecnologias adequadas, mas os benefícios superam os desafios, permitindo mais organização, eficiência e redução de riscos fiscais.